Redações nota 1000

A Redação Enem deixa muito gente de cabelo em pé, e com razão. Tirar um “notaço” na redação do Enem, a famosa “redação Enem nota 1000” aumenta – e muito –as chances de você entrar na faculdade!

Além disso, a redação é o primeiro critério de desempate nos programas federais Sisu, ProUni e FIES

O tema só é revelado na hora, é preciso ler com muito cuidado os textos para garantir que entendeu o assunto, o tempo é curto (uma hora para escrever e passar a limpo!) e, para complicar o meio de campo, nesse mesmo dia ainda é preciso resolver 45 questões de Linguagens e 45 de Matemática.

Mas ao contrário do que muita gente pensa, tirar nota máxima na redação do Enem NÃO É IMPOSSÍVEL.

Com atenção, estudo e treino dá para chegar lá. E para provar isso, trouxemos exemplos de redações que receberam nota 1.000 dos avaliadores do Enem. Vamos te contar como funciona o sistema de avaliação e o que é preciso fazer para atingir a nota máxima. Confira!

Redação Enem nota 1000, entenda como funciona o exame

A redação vale 1000 pontos no total e tem peso de 20% no resultado final da prova.

A correção da prova leva em consideração cinco competências, com valor máximo de 200 pontos cada e mínimo de 0 (zero), totalizando 1000 pontos.

Competência I

Demonstrar domínio da norma padrão da língua portuguesa

Essa competência avalia se você tem noções claras e domínio sobre a norma padrão da língua portuguesa.

Um bom nível nessa competência traz no texto poucos erros gramaticais leves. Por isso, se há um errinho ou outro de concordância verbal ou nominal na redação, é dado um peso menor para esses erros, por entender que o aluno compreendeu o conteúdo e trata-se de uma falha eventual.

No caso de um desempenho ótimo, você deve demonstrar um excelente domínio da língua portuguesa, com pouco ou nenhum erro gramatical (são aceitos em caso de excepcionalidade, ou seja, quando não se repete o mesmo erro durante o texto).

Competência II

Demonstrar compreensão da proposta de redação e aplicar conceitos de várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

Esse critério avalia sua capacidade de interpretação do texto. Tente não fugir do tema.

Num bom desempenho a redação possui uma argumentação consistente, com linha de raciocínio que atende ao formato do texto pedido (dissertativo-argumentativo), passando pela proposição, argumentação e conclusão.

Já a pontuação máxima é dado quando há argumentação consistente, notada a partir de um repertório sociocultural produtivo, e com zelo e domínio das etapas que compõem o tipo de texto da prova do Enem.

Competência III

Demonstrar capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

Aqui é avaliado sua capacidade de compreensão do tema e à relação dele com o seu repertório cultural. Tem bastante relação com a sua vivência e experiências adquiridas ao longo de sua vida.

Em uma avaliação considerada boa, você deve trazer o conteúdo dentro do tema, de maneira organizada, e com indícios de autoria e defesa de ponto de vista.

O ótimo desempenho é notado quando você traz os dados totalmente relacionados ao assunto proposto, de modo organizado e consistente.

Dica: em sua redação use filmes e séries que já assistiu, e livros que já leu que tenham relação com o tema proposto, para mostrar a relação do tema com o seu repertório.

Competência IV

Demonstrar conhecimentos dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação

Os 200 pontos deste item são destinados a quem apresenta uma excelente capacidade de estruturar o texto e apresentar, de maneira coesa e fundamentada, os argumentos.

Um bom desempenho traz ao texto poucas inadequações de argumentação, inserindo as informações com clareza e repertório diversificado.

Um ótimo desempenho consegue articular muito bem o texto, utilizando-se de recursos que garantem a lógica e clareza da sua redação.

Competência V

Elaborar proposta de solução para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Essa competência é a que tem, nas últimas edições do Enem, apresentado o pior desempenho na média dos inscritos.

A expectativa é a de que o candidato proponha alguma ideia para solucionar um problema relacionado no tema.

Num bom desempenho, a redação dispõe de uma proposta ligada ao tema e sintonizada ao que foi relacionado nas linhas anteriores.

O desempenho ótimo é atribuído a quem apresenta uma proposta de intervenção muito boa, detalhada, e com total relação com o assunto central e aquilo que foi trazido por ele ao longo de seu texto.

Exemplo de Redação Enem nota 1000

Os textos que tiraram a nota máxima no Enem podem te ajudar a entender o que deu certo e foi valorizado na hora da correção, te orientando sobre o que você pode aplicar em sua própria produção posteriormente.

Agora, vamos aos exemplos de redações nota 1000 dos últimos anos! Procure identificar o que elas contém de positivo para replicar em suas próprias redações, e tente identificar como elas cumprem com louvor as cincos competências avaliadas.

2015: A PERSISTÊNCIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA SOCIEDADE BRASILEIRA

Autor: Amanda Carvalho Maia Castro

“A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos nas últimas décadas. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas.

O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal. Isso se dá porque, ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em relação às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beauvoir “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser como mulher livre. Dessa forma, os comportamentos violentos contra as mulheres são naturalizados, pois estavam dentro da construção social advinda da ditadura do patriarcado. Consequentemente, a punição para este tipo de agressão é dificultada pelos traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é aumentada.

Além disso, já há o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre porque a ideologia da superioridade do gênero masculino em detrimento do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas como fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos e a serem recatadas. Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo feminino tem medo de se expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer violência física ou psicológica de seu progenitor ou companheiro. Por conseguinte, o número de casos de violência contra a mulher reportados às autoridades é baixíssimo, inclusive os de reincidência.

Pode-se perceber, portanto, que as raízes históricas e ideológicas brasileiras dificultam a erradicação da violência contra a mulher no país. Para que essa erradicação seja possível, é necessário que as mídias deixem de utilizar sua capacidade de propagação de informação para promover a objetificação da mulher e passe a usá-la para difundir campanhas governamentais para a denúncia de agressão contra o sexo feminino. Ademais, é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei para aumentar a punição de agressores, para que seja possível diminuir a reincidência. Quem sabe, assim, o fim da violência contra a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil.”

 

2016: CAMINHOS PARA COMBATER A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL

Autor: Larissa Cristine Ferreira
Título: Orgulho Machadiano

“Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.

É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Conforme Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a perseguição religiosa rompe essa harmonia; haja vista que, embora esteja previsto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos devem ser tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade religiosa para externar ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões diferentes.

Segundo pesquisas, a religião afro-brasileira é a principal vítima de discriminação, destacando-se o preconceito religioso como o principal impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agr e de pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que a preparação do preconceito religioso se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, a continuação do pensamento da inferioridade religiosa, transmitido de geração a geração, funciona como base forte dessa forma de preconceito, perpetuando o problema no Brasil.

Infere-se, portanto, que a intolerância religiosa é um mal para a sociedade brasileira. Sendo assim, cabe ao Governo Federal construir delegacias especializadas em crimes de ódio contra religião, a fim de atenuar a prática do preconceito na sociedade, além de aumentar a pena para quem o praticar. Ainda cabe à escola criar palestras sobre as religiões e suas histórias, visando a informar crianças e jovens sobre as diferenças religiosas no país, diminuindo, assim, o preconceito religioso. Ademais, a sociedade deve se mobilizar em redes sociais, com o intuito de conscientizar a população sobre os males da intolerância religiosa. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido socialmente, e criar um legado de que Brás Cubas pudesse se orgulhar.”

2018: MANIPULAÇÃO DO COMPORTAMENTO DO USUÁRIO PELO CONTROLE DE DADOS NA INTERNET

Autor: Lucas Felpi

“No livro “1984” de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado totalitário controla e manipula toda forma de registro histórico e contemporâneo, a fim de moldar a opinião pública a favor dos governantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória de Winston, um funcionário do contraditório Ministério da Verdade que diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem do Partido e formar a população através de tal ótica. Fora da ficção, é fato que a realidade apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo cibernético do século XXI: gradativamente, os algoritmos e sistemas de inteligência artificial corroboram para a restrição de informações disponíveis e para a influência comportamental do público, preso em uma grande bolha sociocultural.

Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias, internautas são cada vez mais expostos a uma gama limitada de dados e conteúdos na internet, consequência do desenvolvimento de mecanismos filtradores de informação a partir do uso diário individual. De acordo com o filósofo Zygmund Baüman, vive-se atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo digitalizado não só possibilitou novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu portas para a manipulação e alienação vistas em “1984”. Assim, os usuários são inconscientemente analisados e lhes é apresentado apenas o mais atrativo para o consumo pessoal.

Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no comportamento da coletividade cibernética: ao observar somente o que lhe interessa e o que foi escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas coisas e fechar os olhos para a diversidade de opções disponíveis. Em um episódio da série televisiva Black Mirror, por exemplo, um aplicativo pareava pessoas para relacionamentos com base em estatísticas e restringia as possibilidades para apenas as que a máquina indicava _ tornando o usuário passivo na escolha. Paralelamente, esse é o objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir conteúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo homogêneo e, logo, facilmente atingível.

Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes sociais que detalhem o funcionamento dos algoritmos inteligentes nessas ferramentas e advirtam os internautas do perigo da alienação, sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar informações de fontes variadas e manter em mente o filtro a que ele é submetido. Somente assim, será possível combater a passividade de muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais, estourar a bolha que, da mesma forma que o Ministério da Verdade construiu em Winston de “1984”, as novas tecnologias estão construindo nos cidadãos do século XXI.”.

 

A boa notícia é que escrever bem não exige nenhuma habilidade de outro mundo. O segredo é praticar, praticar e praticar. Sendo assim, que tal começar agora mesmo?

Consulte o edital do Enem para entender os motivos que podem zerar a sua redação.

Leia muito, principalmente sobre assuntos que impactam a sociedade brasileira. Para você ter uma ideia, nos últimos anos os temas de redação foram publicidade infantil, violência contra a mulher e intolerância religiosa. Pegou o espírito da coisa?

Pratique para conseguir sua redação Enem nota 1000!

Pratique o modelo dissertativo-argumentativo. Resumidamente, ele tem uma introdução com seu ponto de vista ou tese sobre o problema, um desenvolvimento com argumentos que embasam essa tese (fatos, dados históricos, estatísticas, etc.) e uma conclusão com proposta de intervenção social para o problema, respeitando os direitos humanos.

Por fim, lembre-se que não é uma prova que irá te definir pelo resto da sua vida, você poderá tentar novamente.

Tenha calma, se concentre e boa prova! #tamojunto

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